sábado, 17 de setembro de 2011

Esclarecimentos

"Eu acredito em Deus.

Mas não sei se o Deus em que eu acredito é o mesmo Deus em que acredita o balconista, a professora, o porteiro.

O Deus em que acredito não foi globalizado.

O Deus com quem converso não é uma pessoa, não é pai de ninguém.

É uma idéia, uma energia, uma eminência.

Não tem rosto, portanto não tem barba.

Não caminha, portanto não carrega um cajado.

Não está cansado, portanto não tem trono.

O Deus que me acompanha não é bíblico.

Jamais se deixaria resumir por dez mandamentos, algumas parábolas e um pensamento que não se renova.

O meu Deus é tão superior quanto o Deus dos outros, mas sua superioridade está na compreensão das diferenças, na aceitação das fraquezas e no estímulo à felicidade.

O Deus em que acredito me ensina a guerrear conforme as armas que tenho e detecta em mim a honestidade dos atos.

Não distribui culpas a granel: as minhas são umas, as do vizinho são outras, e nossa penitência é a reflexão.

Ave Maria, Pai Nosso, isso qualquer um decora sem saber o que está dizendo.

Para o Deus em que acredito só vale o que se está sentindo.

O Deus em que acredito não condena o prazer. Se ele não tem controle sobre enchentes e violência, se não tem controle sobre traficantes, corruptos e vigaristas, se não tem controle sobre a miséria, o câncer e as mágoas, então que Deus seria ele se ainda por cima condenasse o que nos resta: o lúdico, o sensorial, a libido que nasce com toda criança e se desenvolve livre, se assim o permitirem?

O Deus em que acredito não é tão bonzinho: me castiga e me deixa uns tempos sozinha.

Não me abandona, mas me exige mais do que uma visita à igreja, uma flexão de joelhos e uma doação aos pobres: cobra caro pelos meus erros e não aceita promessas performáticas, como carregar uma cruz gigante nos ombros.

A cruz pesa onde tem que pesar: dentro. É onde tudo acontece e tudo se resolve.

Este é o Deus que me acompanha.

Um Deus simples.

Deus que é Deus não precisa ser difícil e distante, sabe-tudo e vê-tudo.

Meu Deus é discreto e otimista. Não se esconde, ao contrário, aparece principalmente nas horas boas para incentivar, para me fazer sentir o quanto vale um pequeno momento grandioso: um abraço numa amiga, uma música na hora certa, um silêncio.

É onipresente, mas não onipotente.

Meu Deus é humilde.

Não posso imaginar um Deus repressor e um Deus que não sorri.

Quem não te sorri não é cúmplice.”

(Martha Medeiros)

sábado, 20 de agosto de 2011

Das coisas que não posso dizer

Pensando bem, às vezes esqueço de ouvir música. É como se, de alguma forma, naquele momento, por alguma razão, já não fizesse tanto silêncio. O som que me acalma, me acalenta, me inebria e me (en)canta, está bem aqui do meu lado. Lua, céu, nuvens, formas, flores, cores. Agora parece silêncio, mas é canção. Aquela que só eu consigo ouvir. E me faz um bem...


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terça-feira, 5 de abril de 2011

quinta-feira, 17 de março de 2011

Omenari Imperavi

Suaviza.

Para todos os meus "eus".


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quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Da tua sábia ausência

Eu a vi.
Tentou disfarçar sua presença, mas eu a vi.
Por trás de um lençol fino de nuvens carregadas, meio sorriso, meio sem jeito.
Eu a vi.
Vi porque não há escuridão que oculte tanta beleza, brilho e intensidade.
Vi porque me percebi também insinuando um meio sorriso, meio sem jeito.
Enche meus olhos de cores "e minha boca se faz fonte de prata."
Eu a vi.
Lua...

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Receita para injustiça



"Pegue duas medidas de estupidez

Junte trinta e quatro partes de mentira
Coloque tudo numa forma
Untada previamente com promessas não cumpridas
Adicione a seguir o ódio e a inveja
Dez colheres cheias de burrice
Mexa tudo e misture bem
E não esqueça antes de levar ao forno
Temperar
com essência de espirito de porco
Duas xícaras de indiferença
e um tablete e meio de preguiça."

[Renato Russo]

Pois é, Cacau...

"Não sou para todos. Gosto muito do meu mundinho. Ele é cheio de surpresas, palavras soltas e cores misturadas. Às vezes tem um céu azul, outras tempestades. Lá dentro cabem sonhos de todos os tamanhos. Mas não cabe muita gente. Todas as pessoas que estão dentro dele não estão por acaso. São necessárias."

[Caio Fernando Abreu]

E algumas nem sabem o quanto são...

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terça-feira, 31 de agosto de 2010

Variações

Ritmo;
Aceleradamente moderado,
Moderadamente exagerado,
Exageradamente ritmado.

Melodigo em um solo: - Juntos.
Cifralo em alto e bom som: - sou verso teu.
Es-cala (não fala nada).
Parti-tura (mas volta depois).
Harmoniza-se. Harmonizo-me.

Entre notas, me nota. Entre acordes, a-corda. Y ao final, me beije com um olhar, me olhe com um beijo. Com o teu beijo.

Tão clave como a noite, tão noite como a lua. Lua em tom de Sol, que varia em Dó sem dores, Ré-pete um sorriso e Mi abraça. Tudo isso em silêncio...

Agora aperta o play.
E que comece a canção.


(D.Cris)

sábado, 14 de agosto de 2010

Dia e Noite

Esses dias fui assistir o desenho Toy Story 3 nos cinemas e fiquei encantada com o curta que passa antes do filme. Chama-se Dia e Noite e uma parte belíssima e reflexiva acontece quando a Noite põe o Dia em frente ao rádio para ouvir a seguinte transmissão:

"O medo do desconhecido.
Eles têm medo de novas idéias.
Estão cheios de preconceitos, que não se baseiam na realidade...
Se algo é novo, rejeitam-no imediatamente, porque os assusta.
O que fazem é manter apenas o que é familiar.
Você sabe, para mim, as coisas mais belas em todo o universo, são também as mais misteriosas."


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segunda-feira, 26 de julho de 2010

Só por hoje

Abandonei meu violão;
Não fui à aula;
Comi porcaria;
Ouvi a mesma música o dia inteiro;
Li a Turma da Mônica;
Assisti Hanna Montana;
Andei de patins pela casa;
Me vesti de cowgirl;
Ri de mim mesma;
Joguei bilhar online;
Mudei a cama de lugar;
Voltei com a cama pro mesmo lugar;
Olhei para a imensa escuridão da noite;
Respirei o vento frio de Natal;
Vi uma estrela;
Deitei, fechei os olhos e fiquei cantarolando a música.

Lembrei de algo que aprendi hoje:
"Nós não somos nossos erros, embora eles façam parte de quem somos e de quem "poderemos" ser, no passado." [A.K.]

Vou me lembrar disso. É, vou sim.


.(D. Cris)

terça-feira, 20 de julho de 2010

Sem horas e Sem dores


"A partir de sempre, toda cura pertence a nós.
Toda resposta é dúvida.
Todo sujeito é livre para conjugar o verbo que quiser.

Todo verbo é livre para ser direto ou indireto.
Nenhum predicado será prejudicado,
nem tampouco a vírgula, nem a crase, nem a frase e ponto final!

Afinal, a má gramática da vida nos põe entre pausas, entre vírgulas
E estar entre vírgulas pode ser aposto
E eu aposto o oposto que vou cativar a todos
Sendo apenas um Sujeito Simples.
Um sujeito e sua oração, sua pressa e sua verdade. Sua fé.

Que a regência da paz sirva a todos nós... Cegos ou não.

Sem horas e sem dores
Que nesse momento que cada um se encontra agora
Cada um possa se encontrar no outro
Até porque tem horas que a gente se pergunta...

Por que é que não se junta
Tudo numa coisa só?"

(Teatro Mágico - Sintaxe à Vontade)